CURSO: DESIGN GÁFICO / PERÍODO 2º / NÚMERO: GRA-PLE-0236-C
CARGA HORÁRIA: Teórica: 40 HS / Prática: 20 HS
EMENTA:
Análise comunicacional em Design. Fatores intervenientes no processo de comunicação. Elementos de comunicação. Fundamentos de semiótica. Sociedade, signo e comunicação. Símbolos, signos e linguagens. Teorias. Sistemas de significação. Comunicação e signos. Modelos semióticos. Códigos e mensagens. Diferentes níveis de codificação de linguagem. Semiologia das mídias. Semiótica e os estudos de discurso na retórica visual.
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS:
• Possibilitar ao aluno do curso de Design uma compreensão das múltiplas variáveis da semiótica e da semiologia, como embasamento para análises e criações de projetos gráficos, logomarcas, objetos, entre outros. A disciplina visa ainda mostrar como o design atualmente é um dos campos responsáveis por produções sígnicas, na medida em que constrói relações sócio-políticas e culturais entre os sujeitos através dos objetos criados, resignificando a própria subjetividade humana.
• Entender a Semiologia e a Semiótica observando as aproximações e distanciamentos teóricos, segundo os diferentes autores estudados a partir da bibliografia do curso.
• Comparar as correntes teóricas da Semiótica e seus campos de ação;
• Identificar e diferenciar: ícones, índices e símbolos;
• Relacionar a estética do cinema, da música, das artes plásticas com a criação do design gráfico;
• Analisar através da semiótica, a linguagem gráfica (textual e iconográfica);
• Fazer uma análise semiótica de um filme a definir.
• Apontar relações sintagmáticas e paradigmáticas entre objetos de análise;
• Aplicar a teoria semiótica na análise de peças gráficas, de acordo com o modelo proposto por Lúcia Santaella.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
UNIDADE I:
- FUNDAMENTOS DA SEMIÓTICA:
- SEMIÓTICA: ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO;
- ELEMENTOS DA SEMIÓTICA;
- SEMIÓTICA: SIGNOS;
- SEMIÓTICA: OBJETOS: IMEDIATOS E DINÂMICOS;
- SEMIÓTICA: INTERPRETANTE.
- SEMIÓTICA: SUB-DIVISÕES DOS SIGNOS:
- SUB-DIVISÕES DOS SIGNOS:ÍCONE;
- SUB-DIVISÕES DOS SIGNOS:ÍNDICE;
- SUB-DIVISÕES DOS SIGNOS:SÍMBOLO;
- PROCESSOS DA SEMIOSE (ILIMITADA);
- SIGNOS, SIGNIFICADOS E SIGNIFICAÇÕES.
UNIDADE II:
- FUNDAMENTOS DA SEMIOLOGIA:
- SEMIOLOGIA: SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE;
- SEMIOLOGIA: LÍNGUA E FALA;
- PRINCIPAIS RELAÇÕES SEMIOLÓGICAS: PARADIGMÁTICAS X SINTAGMÁTICAS;
- PRINCIPAIS RELAÇÕES SEMIOLÓGICAS: CONOTATIVA X DENOTATIVA;
- FIGURAS DE LINGUAGEM E SUAS APLICABILIDADES NO ÂMBITO DO DESIGN GRÁFICO;
- INTERAÇÃO E COMPLEMENTARIDADES ENTRE IMAGENS E PALAVRAS.
- TEORIAS DA PERCEPÇÃO:
- MENSAGENS SUBLIMINARES;
- TEORIAS DA PERCEPÇÃO;
- PROCESSOS DA PERCEPÇÃO;
- A RETÓRICA VISUAL;
- A IMAGEM COMO SIGNO;
- IMAGEM E COMUNICAÇÃO;
- ANÁLISES DE PROJETOS GRÁFICOS.
METODOLOGIA DO ENSINO:
A) Metodologia do ensino e aprendizagem:
A disciplina, dependendo de sua natureza, pode ser ministrada através de conteúdos teóricos, conteúdos práticos, aulas de campo em instituições específicas e ainda pode utilizar recursos de exposições dialogadas, grupos de discussão, seminários, debates competitivos, apresentação e discussão de filmes e casos práticos, onde os conteúdos podem ser trabalhados mais dinamicamente, estimulando o senso crítico e científico dos alunos.
B) Recursos audiovisuais:
( X ) Lousa branca;
( ) Laboratório de Informática;
( X ) Projetor Multimídia;
C) Metodologia de Avaliação:
No decorrer de cada período letivo são desenvolvidas 02 (duas) avaliações por disciplina, para efeito do cálculo da média parcial. A média parcial é calculada pela média aritmética das duas avaliações efetuadas. O aluno que alcançar a média parcial maior ou igual a 7,0 (sete) é considerado aprovado.
O aluno que não alcançar a média parcial faz em exame final onde precisa alcançar média final maior ou igual a 5,0. São aplicadas avaliações dos tipos: provas teóricas, provas práticas, seminários, trabalhos individuais ou em grupo e outras atividades em classe e extraclasse. O exame final é, obrigatoriamente, prova escrita.
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Temas da AV1 de Semiótica
Resíduos de distinções
NOTÍCIAS
(LINK) Noam Chomsky compara projeto econômico de Bolsonaro ao da ditadura chilena
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Funções da Linguagem
Professora licenciada em Letras
As funções da linguagem são formas de utilização da
linguagem segundo a intenção do falante.
Elas são
classificadas em seis tipos: função referencial, função emotiva, função
poética, função fática, função conativa e função metalinguística.
Cada uma
desempenha um papel relacionado com os elementos presentes na comunicação:
emissor, receptor, mensagem, código, canal e contexto. Assim, elas determinam o
objetivo dos atos comunicativos.
Embora haja
uma função que predomine, vários tipos de linguagem podem estar presentes num
mesmo texto.
Função
Referencial ou Denotativa
Também
chamada de função informativa, a função referencial tem como objetivo principal informar, referenciar algo.
Voltada para
o contexto da comunicação, esse tipo de texto é escrito na terceira pessoa
(singular ou plural) enfatizando seu caráter impessoal.
Como exemplos de linguagem referencial podemos citar os materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo, sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
Como exemplos de linguagem referencial podemos citar os materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo, sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
Exemplo
de uma notícia
Na passada
terça-feira, dia 22 de setembro de 2015, o real teve a maior desvalorização da
sua história. Nesse dia foi preciso desembolsar R$ 4,0538 para comprar um
dólar. Recorde-se que o Real foi lançado há mais de 20 anos, mais precisamente
em julho de 1994.
Função
Emotiva ou Expressiva
Também
chamada de função expressiva, na função emotiva o emissor tem como objetivo principal transmitir suas emoções,
sentimentos e subjetividades por meio da própria opinião.
Esse tipo de
texto, escrito em primeira pessoa, está voltado para o emissor, uma vez que
possui um caráter pessoal.
Como
exemplos podemos destacar: os textos poéticos, as cartas, os diários. Todos
eles são marcados pelo uso de sinais de pontuação, por exemplo, reticências,
ponto de exclamação, etc.
Exemplo
de e-mail da mãe para os filhos
Meus amores,
tenho tantas saudades de vocês … Mas não se preocupem, em breve a mamãe chega e
vamos aproveitar o tempo perdido bem juntinhos. Sim, consegui adiantar a viagem
em uma semana!!! Isso quer dizer que tenho muito trabalho hoje e amanhã.... Quando
chegar, quero encontrar essa casa em ordem, combinado?!?
Função
Poética
A função
poética é característica das obras literárias que possui como marca a
utilização do sentido conotativo das palavras.
Nessa
função, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será transmitida por
meio da escolha das palavras, das expressões, das figuras de
linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunicativo é a
mensagem.
Note que
esse tipo de função não pertence somente aos textos literários. Também
encontramos a função poética na publicidade ou nas expressões cotidianas em que
há o uso frequente de metáforas (provérbios,
anedotas, trocadilhos, músicas).
Exemplo
de uma história sobre a avó
Apesar de
não ter frequentado a escola, dizia que a avó era um poço de sabedoria. Falava
de tudo e sobre tudo e tinha sempre um provérbio debaixo da manga.
Função
Fática
A função
fática tem como objetivo estabelecer ou interromper a comunicação de
modo que o mais importante é a relação entre o emissor e o receptor da
mensagem. Aqui, o foco reside no canal de comunicação.
Esse tipo de
função é muito utilizado nos diálogos, por exemplo, nas expressões de
cumprimento, saudações, discursos ao telefone, etc.
Exemplo
de uma conversa telefônica
—
Consultório do Dr. João, bom dia!
— Bom dia!
Precisava marcar uma consulta para o próximo mês, se possível.
— Hum, o Dr. tem vagas apenas para a segunda semana. Entre os dias 7 e 11, qual a sua preferência?
— Dia 8 está ótimo.
— Hum, o Dr. tem vagas apenas para a segunda semana. Entre os dias 7 e 11, qual a sua preferência?
— Dia 8 está ótimo.
Função
Conativa ou Apelativa
Também
chamada de apelativa, a função conativa é caracterizada por uma linguagem
persuasiva que tem o intuito de convencer o leitor.
Por isso, o grande foco é no receptor da mensagem.
Essa função
é muito utilizada nas propagandas, publicidades e discursos políticos, a fim de
influenciar o receptor por meio da mensagem transmitida.
Esse tipo de
texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira pessoa com a presença de
verbos no imperativo e o uso do vocativo.
Exemplos
·
Vote em mim!
·
Entre. Não vai se arrepender!
·
É só até amanhã. Não perca!
Função
Metalinguística
A função
metalinguística é caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a linguagem que refere-se à ela mesma. Dessa forma, o
emissor explica um código utilizando o próprio código.
Um texto que
descreva sobre a linguagem textual ou um documentário cinematográfico que fala
sobre a linguagem do cinema são alguns exemplos.
Nessa categoria,
os textos metalinguísticos que merecem destaque são as gramáticas e os
dicionários.
Escrever é
uma forma de expressão gráfica. Isto define o que é escrita, bem como
exemplifica a função metalinguística.
Licenciada
em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em
Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante
das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de
conteúdos on-line.
Exercícios sobre Funções da
Linguagem
Professora licenciada em Letras
As funções da linguagem são
classificadas em seis tipos: função referencial, função emotiva, função
poética, função fática, função conativa e função metalinguística. Relacionadas com os usos da
linguagem, cada uma possui uma função de acordo com os elementos da
comunicação.
1. (UEMG-2006) Assinale a
alternativa em que o(s) termo(s) em negrito do fragmento citado NÃO contém (êm)
traço(s) da função emotiva da linguagem.
a) Os poemas (infelizmente!) não
estão nos rótulos de embalagens nem junto aos frascos de remédio.
b) A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório” quando sai de sua significação e cai no ambiente artificial e na situação inventada.
c) Outras leituras significativas são o rótulo de um produto que se vai comprar, os preços do bem de consumo, o tíquete do cinema, as placas do ponto de ônibus (...)
d) Ler e escrever são condutas da vida em sociedade. Não são ratinhos mortos (...) prontinhos para ser desmontados e montados, picadinhos (...)
b) A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório” quando sai de sua significação e cai no ambiente artificial e na situação inventada.
c) Outras leituras significativas são o rótulo de um produto que se vai comprar, os preços do bem de consumo, o tíquete do cinema, as placas do ponto de ônibus (...)
d) Ler e escrever são condutas da vida em sociedade. Não são ratinhos mortos (...) prontinhos para ser desmontados e montados, picadinhos (...)
Na função emotiva, o escritor
(emissor) tem como principal objetivo transmitir emoções, sentimentos e
subjetividades por meio da própria opinião. Portanto, ao ler os fragmentos
acima, notamos que certas expressões em negrito possuem essas características:
infelizmente; cobaia de laboratório; ratinhos mortos, prontinhos e picadinhos.
Alternativa correta: c) Outras
leituras significativas são o rótulo de um produto que se vai comprar, os
preços do bem de consumo, o tíquete do cinema, as placas do ponto de ônibus
(...)
2. (UFV-2005) Leia as passagens
abaixo, extraídas de São Bernardo, de Graciliano Ramos:
I. Resolvi estabelecer-me aqui na
minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a
propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões.
II. Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado desde meio-dia, tomava café e conversava, bastante satisfeito.
III. João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante.
IV. Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor que fôssemos como os bois? Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que atormentar-se um vivente por gosto? Será? Não será? Para que isso? Procurar dissabores! Será? Não será?
V. Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.
II. Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado desde meio-dia, tomava café e conversava, bastante satisfeito.
III. João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante.
IV. Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor que fôssemos como os bois? Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que atormentar-se um vivente por gosto? Será? Não será? Para que isso? Procurar dissabores! Será? Não será?
V. Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.
Assinale a alternativa em que
ambas as passagens demonstram o exercício de metalinguagem em São Bernardo:
a) III e V.
b) I e II.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) II e V.
b) I e II.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) II e V.
A função metalinguística utiliza
o código para explicar o próprio código. Ou seja, trata-se de uma linguagem que
fala dela mesma, por exemplo, um filme que aborda sobre o cinema. Nos trechos acima, podemos notar
que em duas passagens da obra temos a função metalinguística presente:
"João Nogueira queria o
romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante."
"Foi assim que sempre se
fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente
discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta
é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia."
Alternativa correta: a) III e V.
3. (PUC/SP-2001) A Questão é Começar
Coçar e comer é só começar.
Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre
conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o
“bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar conversa.
Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol. No escrever também
poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com
que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à
diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma
mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que
antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra
forma de conversar.
Assim fomos “alfabetizados”, em
obediência a certos rituais. Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito
e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim
predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto.
Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos
nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do
que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do
próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor
lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por
perto, espiando o que escrevo. Não me deixe falando sozinho.”
Pois é; escrever é isso aí:
iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais
apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes.
Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda,
puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.
(MARQUES, M.O. Escrever é
Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).
Observe a seguinte afirmação
feita pelo autor: “Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde”
já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do
tempo ou de futebol.” Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é
“quebrar o gelo”. Indique a alternativa que explicita essa função.
a) Função emotiva
b) Função referencial
c) Função fática
d) Função conativa
e) Função poética
b) Função referencial
c) Função fática
d) Função conativa
e) Função poética
Para responder essa questão, é
necessário compreender cada uma das funções da linguagem citadas acima:
Função emotiva: caracteriza-se
pela subjetividade, tendo como principal objetivo emocionar o leitor.
Função referencial: caracterizada
pela função de informar, notificar, referenciar, anunciar e indicar por meio da
linguagem denotativa.
Função fática: estabelece uma
relação de interação entre o emissor e o receptor do discurso, sendo usada no
início, meio e final das conversas.
Função conativa: o intuito
principal dessa função é de convencer, persuadir e cativar o interlocutor.
Função poética: focada na mensagem
que será transmitida, essa função é característica dos textos poéticos.
Alternativa correta: c) Função
fática
4. (Enem-2007)
O canto do guerreiro
Aqui na floresta
Dos ventos batida, Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?
Dos ventos batida, Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?
(Gonçalves Dias.)
Macunaíma (Epílogo)
Acabou-se a história e morreu a
vitória.
Não havia mais ninguém lá. Dera
tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um.
Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros
arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do
deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum
conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos
tão pançudos. Quem podia saber do Herói?
(Mário de Andrade.)
Considerando-se a linguagem
desses dois textos, verifica-se que
a) a função da linguagem centrada
no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.
b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal.
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no segundo, no relato de informações reais.
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no primeiro.
b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal.
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no segundo, no relato de informações reais.
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no primeiro.
A partir da leitura dos textos,
podemos constatar que existe uma relação no conteúdo, uma vez que ambos tem
como foco a figura do indígena brasileiro. No entanto, a realidade indígena
do primeiro texto é positiva e idealizada; enquanto no segundo, ela é negativa
e crítica. Outra diferença a se destacar é que o texto de Gonçalves Dias está
em forma de poesia, com a presença de versos, e o de Mario de Andrade, em
prosa. Embora ambos utilizem palavras
indígenas (tacape, Uraricoera), a linguagem utilizada não é considerada
informal, coloquial.
Alternativa correta c) há, em
cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.
5. (Enem-2012)
Desabafo
Desculpem-me, mas não dá pra
fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como
disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa
da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na
secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem.
Estou nervoso. Estou zangado.
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set.
2002 (fragmento).
Nos textos em geral, é comum a
manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio,
entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a
função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois
a) o discurso do enunciador tem
como foco o próprio código.
b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.
d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação.
b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.
d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação.
A função emotiva da linguagem
prioriza o discurso subjetivo, onde o emissor transmite suas emoções e
sentimentos.
Portanto, esse tipo de texto é
focado no emissor e escrito em primeira pessoa. De acordo com as opções e o
foco de cada uma das funções da linguagem, temos:
a) função metalinguística
b) função emotiva
c) função conativa
d) função referencial
e) função fática
b) função emotiva
c) função conativa
d) função referencial
e) função fática
Alternativa correta: b) a atitude
do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
6. (Ibmec-2006) Me devolva o Neruda (que você nem
leu)
Quando o Chico Buarque escreveu o
verso acima, ainda não tinha o “que você nem leu”. A palavra Neruda - prêmio
Nobel, chileno, de esquerda - era proibida no Brasil. Na sala da Censura
Federal o nosso poeta negociou a proibição. E a música foi liberada quando ele
acrescentou o “que você nem leu”, pois ficava parecendo que ninguém dava bola
para o Neruda no Brasil. Como eram burros os censores da ditadura militar! E
coloca burro nisso!!! Mas a frase me veio à cabeça agora, porque eu gosto
demais dela. Imagine a cena. No meio de uma separação, um dos cônjuges (me
desculpe a palavra) me solta esta: me devolva o Neruda que você nem leu! Pense
nisso.
Pois eu pensei exatamente nisso
quando comecei a escrever esta crônica, que não tem nada a ver com o Chico, nem
com o Neruda e, muito menos, com os militares.
É que eu estou aqui para dizer um
tchau. Um tchau breve porque, se me aceitarem - você e o diretor da revista -,
eu volto daqui a dois anos. Vou até ali escrever uma novela na Globo (o patrão
vai continuar o mesmo) e depois eu volto.
Esperando que você já tenha lido
o Neruda.
Mas aí você vai dizer assim: pó,
escrever duas crônicas por mês, fora a novela, o cara não consegue? O que é uma
crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por mês e o cara me vem com
esse papo de Neruda?
Preguiçoso, no mínimo.
Quando faço umas palestras por
aí, sempre me perguntam o que é necessário para se tornar um escritor. E eu
sempre respondo: talento e sorte. Entre os 10 e 20 anos, recebia na minha casa
O Cruzeiro, Manchete e o jornal Última Hora. E lá dentro eu lia (me invejem):
Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino, Millôr Fernandes, Nelson
Rodrigues, Stanislaw Ponte Preta, Carlos Heitor Cony. E pensava,
adolescentemente: quando eu crescer, vou ser cronista.
Bem ou mal, consegui meu espaço.
E agora, ao pedir de volta o livro chileno, fico pensando em como eu me
sentiria se, um dia, um desses aí acima escrevesse que iria dar um tempo. Eu
matava o cara! Isso não se faz com o leitor (desculpe, minha amiga, não estou
me colocando no mesmo nível deles, não!)
E deixo aqui uns versinhos do
Neruda para as minhas leitoras de 30 e 40 anos (e para todas):
Escuchas otras voces en mi voz
dolorida
Llanto de viejas bocas, sangre de viejas súplicas,
Amame, compañera. No me abandones. Sigueme,
Sigueme, compañera, en esa ola de angústia.
Pero se van tiñendo con tu amor mis palabras
Todo lo ocupas tú, todo lo ocupas
Voy haciendo de todas un collar infinito
Para tus blancas manos, suaves como las uvas.
Llanto de viejas bocas, sangre de viejas súplicas,
Amame, compañera. No me abandones. Sigueme,
Sigueme, compañera, en esa ola de angústia.
Pero se van tiñendo con tu amor mis palabras
Todo lo ocupas tú, todo lo ocupas
Voy haciendo de todas un collar infinito
Para tus blancas manos, suaves como las uvas.
Desculpe o mau jeito: tchau!
(Prata, Mario. Revista Época. São
Paulo. Editora Globo, Nº - 324, 02 de agosto de 2004, p. 99)
Relacione os fragmentos abaixo às
funções da linguagem predominantes e assinale a alternativa correta.
I - “Imagine a cena”.
II - “Sou um homem de sorte”.
III - “O que é uma crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por mês e o cara me vem com esse papo de Neruda?”.
II - “Sou um homem de sorte”.
III - “O que é uma crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por mês e o cara me vem com esse papo de Neruda?”.
a) Emotiva, poética e metalinguística, respectivamente.
b) Fática, emotiva e metalinguística, respectivamente.
c) Metalinguística, fática e apelativa, respectivamente.
d) Apelativa, emotiva e metalinguística, respectivamente.
e) Poética, fática e apelativa, respectivamente.
b) Fática, emotiva e metalinguística, respectivamente.
c) Metalinguística, fática e apelativa, respectivamente.
d) Apelativa, emotiva e metalinguística, respectivamente.
e) Poética, fática e apelativa, respectivamente.
Para responder essa questão,
precisamos entender as principais características das seis funções da
linguagem:
Função emotiva: caracteriza-se
pela subjetividade, tendo como principal objetivo emocionar o leitor.
Função referencial: caracterizada
pela função de informar, notificar, referenciar, anunciar e indicar por meio da
linguagem denotativa.
Função fática: estabelece uma
relação de interação entre o emissor e o receptor do discurso, sendo usada no
início, meio e final das conversas.
Função conativa: o intuito
principal dessa função é de convencer, persuadir e cativar o interlocutor.
Função poética: focada na
mensagem que será transmitida, essa função é característica dos textos
poéticos.
Função metalinguística: com foco
no código da mensagem, nessa função temos uma linguagem que refere-se à ela
mesma.
Logo, podemos constatar que a
alternativa correta é a letra d) Apelativa, emotiva e metalinguística,
respectivamente.
7. (Fuvest-2004) Observe, ao lado, esta gravura de
Escher: Na linguagem verbal, exemplos de aproveitamento de recursos
equivalentes aos da gravura de Escher encontram-se, com frequência,
a) nos jornais, quando o repórter
registra uma ocorrência que lhe parece extremamente intrigante.
b) nos textos publicitários, quando se comparam dois produtos que têm a mesma utilidade.
c) na prosa científica, quando o autor descreve com isenção e distanciamento a experiência de que trata.
d) na literatura, quando o escritor se vale das palavras para expor procedimentos construtivos do discurso.
e) nos manuais de instrução, quando se organiza com clareza uma determinada sequência de operações.
b) nos textos publicitários, quando se comparam dois produtos que têm a mesma utilidade.
c) na prosa científica, quando o autor descreve com isenção e distanciamento a experiência de que trata.
d) na literatura, quando o escritor se vale das palavras para expor procedimentos construtivos do discurso.
e) nos manuais de instrução, quando se organiza com clareza uma determinada sequência de operações.
Segundo a imagem acima, nota-se a
presença da função metalinguística, com foco no código da mensagem. Nessa função, a principal
característica é o uso da metalinguagem, uma linguagem que refere-se à ela
mesma. Assim, o emissor explica um código utilizando o próprio código. No caso da figura acima, temos a
função metalinguística na pintura, onde vemos as mãos do pintor desenhando.
Esse recurso é muito utilizado na literatura, por exemplo, um poema que fala da
construção da poesia.
Alternativa correta: d) na
literatura, quando o escritor se vale das palavras para expor procedimentos
construtivos do discurso.
8. (Unifesp-2002)
Texto I:
Perante a Morte empalidece e
treme,
Treme perante a Morte, empalidece.
Coroa-te de lágrimas, esquece
O Mal cruel que nos abismos geme.
Treme perante a Morte, empalidece.
Coroa-te de lágrimas, esquece
O Mal cruel que nos abismos geme.
(Cruz e Souza, Perante a
morte.)
Texto II:
Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
(Gonçalves Dias, I Juca
Pirama.)
Texto III:
Corrente, que do peito destilada,
Sois por dous belos olhos despedida;
E por carmim correndo dividida,
Deixais o ser, levais a cor mudada.
Sois por dous belos olhos despedida;
E por carmim correndo dividida,
Deixais o ser, levais a cor mudada.
(Gregório de Matos, Aos
mesmos sentimentos.)
Texto IV:
Chora, irmão pequeno, chora,
Porque chegou o momento da dor.
A própria dor é uma felicidade...
Porque chegou o momento da dor.
A própria dor é uma felicidade...
(Mário de Andrade, Rito do
irmão pequeno.)
Texto V:
Meu Deus! Meu Deus! Mas que
bandeira
é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio! ... Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio! ... Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
(Castro Alves, O navio
negreiro.)
Dois dos cinco textos transcritos
expressam sentimentos de incontida revolta diante de situações inaceitáveis.
Esse transbordamento sentimental se faz por meio de frases e recursos
linguísticos que dão ênfase à função emotiva e à função conativa da linguagem.
Esses dois textos são:
a) I e IV.
b) II e III.
c) II e V.
d) III e V.
e) IV e V.
b) II e III.
c) II e V.
d) III e V.
e) IV e V.
Após a leitura dos textos acima,
podemos constatar que o tom de revolta está presente nos textos II e V. Embora nos outros nota-se a
presença de sentimentos como a angústia, a dor e o fracasso, eles não
transmitem indignação, e sim um certa constatação e conformidade. O texto II, de Gonçalves Dias,
expõe a indignação e revolta do pai que se preocupa com as ações covardes do
filho diante dos inimigos. Já o texto V, de Castro Alves,
apresenta a revolta do poeta com a situação dos escravos trazidos para o Brasil.
Alternativa correta: c) II e V.
9. (Enem-2014)
O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel?
Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel?
Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
(ANDRADE, C. D. Contos de
aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.)
Pela insistência em manter o
contato entre o emissor e o receptor, predomina no texto a função
a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.
Na função fática, com foco no
canal da mensagem, a principal característica é estabelecer ou interromper a
comunicação, sendo que o mais importante é a relação entre o emissor e o receptor
da mensagem. Assim, de acordo com o trecho
acima, temos a insistência do emissor e do receptor em continuar a conversa
pelo telefone.
Alternativa correta: b) fática.
10. (Insper-2012)
Para fazer um poema dadaísta
Pegue num jornal.
Pegue numa tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pretende dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Em seguida, recorte cuidadosamente as palavras que compõem o artigo e coloque-as num saco.
Agite suavemente.
Depois, retire os recortes uns a seguir aos outros.
Transcreva-os escrupulosamente pela ordem que eles saíram do saco.
O poema parecer-se-á consigo.
E você será um escritor infinitamente original, de uma encantadora sensibilidade, ainda que incompreendido pelas pessoas vulgares.
Pegue num jornal.
Pegue numa tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pretende dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Em seguida, recorte cuidadosamente as palavras que compõem o artigo e coloque-as num saco.
Agite suavemente.
Depois, retire os recortes uns a seguir aos outros.
Transcreva-os escrupulosamente pela ordem que eles saíram do saco.
O poema parecer-se-á consigo.
E você será um escritor infinitamente original, de uma encantadora sensibilidade, ainda que incompreendido pelas pessoas vulgares.
(Tristan Tzara)
A metalinguagem, presente no
poema de Tristan Tzara, também é encontrada de modo mais evidente em:
a) Receita de Herói
Tome-se um homem feito de nada
Como nós em tamanho natural
Embeba-se-lhe a carne
Lentamente
De uma certeza aguda, irracional
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois perto do fim
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim
Serve-se morto.
Como nós em tamanho natural
Embeba-se-lhe a carne
Lentamente
De uma certeza aguda, irracional
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois perto do fim
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim
Serve-se morto.
FERREIRA, Reinaldo. Receita de
Herói. In: GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins
Fontes, 1991, p.185.
Vale lembrar que a função
metalinguística é aquela caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a
linguagem que refere-se à ela mesma. No texto de Tristan Tzara "Para
fazer um poema dadaísta", o artista aponta sobre o próprio ato de escrever
e, portanto, utiliza a função metalinguística. De acordo com as imagens, podemos
notar que é na tirinha do Garfield que essa mesma função é utilizada. Nesse
tipo de texto, cujo código é predominantemente visual, nota-se o abaulamento da
segunda imagem, o que sugere o excesso de peso do gato. Para isso, o autor delimita as
linhas horizontais no desenho do segundo quadro, substitui as linhas retas, que
são usadas no primeiro e último quadros, por uma curva.
Alternativa correta: letra c.
Fator decisivo para a superação
do sistema colonial, o fim do trabalho escravo foi seguido pela criação do mito
da democracia racial no Brasil. Nutriu-se, desde então, a falsa ideia de que
haveria no país um convívio cordial entre as diversas etnias.
Aos poucos, porém, pôde-se ver
que a coexistência pouco hostil entre brancos e negros, por exemplo, mascarava
a manutenção de uma descomunal desigualdade socioeconômica entre os dois grupos
e não advinha de uma suposta divisão igualitária de oportunidades.
O cruzamento de alguns dados do
último censo do IBGE relativos ao Rio de Janeiro permite dimensionar algumas
dessas inequívocas diferenças. Em 91, o analfabetismo no Estado era 2,5 vezes
maior entre negros do que entre brancos, e quase 60% da população negra com
mais de 10 anos não havia conseguido ultrapassar a 4ª. série do 1º. grau,
contra 39% dos brancos. Os números relativos ao ensino superior confirmam a
cruel seletividade imposta pelo fator socioeconômico: até aquele ano, 12% dos
brancos haviam concluído o 3º. Grau, contra só 2,5% dos negros.
É inegável que a discrepância
racial vem diminuindo ao longo do século: o analfabetismo no Rio de Janeiro era
muito maior entre negros com mais de 70 anos do que entre os de menos de 40
anos. Essa queda, porém, ainda não se traduziu numa proporcional equalização de
oportunidades.
Considerando que o Rio de Janeiro
é uma das unidades mais desenvolvidas do país e com acentuada tradição urbana,
parece inevitável extrapolar para outras regiões a inquietação resultante desses
dados.
(Folha de São Paulo, 9. de jun.
de 1996. Adaptado).
Considerando as funções que a
linguagem pode desempenhar, reconhecemos que, no texto acima, predomina a
função:
a) apelativa: alguém pretende
convencer o interlocutor acerca da superioridade de um produto.
b) expressiva: o autor tenciona apenas transparecer seus sentimentos e emoções pessoais.
c) fática: o propósito comunicativo em jogo é o de entrar em contato com o parceiro da interação.
d) estética: o autor tem a pretensão de despertar no leitor o prazer e a emoção da arte pela palavra.
e) referencial: o autor discorre acerca de um tema e expõe sobre ele considerações pertinentes.
b) expressiva: o autor tenciona apenas transparecer seus sentimentos e emoções pessoais.
c) fática: o propósito comunicativo em jogo é o de entrar em contato com o parceiro da interação.
d) estética: o autor tem a pretensão de despertar no leitor o prazer e a emoção da arte pela palavra.
e) referencial: o autor discorre acerca de um tema e expõe sobre ele considerações pertinentes.
De acordo com a leitura do texto e
as alternativas oferecidas, podemos constatar que trata-se de um texto
jornalístico em que há o predomínio da linguagem formal (denotativa), onde o
foco maior está no contexto ou no referente. Aqui, o emissor tem como objetivo
principal informar sobre algo, nesse caso, sobre o tema das disparidades
raciais no Brasil. Assim, a alternativa correta é a
letra e) referencial: o autor discorre acerca de um tema e expõe sobre ele
considerações pertinentes.
12. (Enem-2014)
Há o hipotrélico. O termo é novo,
de impensada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o
significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se
hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou talvez,
vicedito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta de respeito para com a opinião
alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se
verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se
negar nominalmente a própria existência.
(ROSA, G. Tutameia: terceiras
estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001) (fragmento).
Nesse trecho de uma obra de
Guimarães Rosa, depreende-se a predominância de uma das funções da
a) metalinguística, pois o trecho
tem como propósito essencial usar a língua portuguesa para explicar a própria
língua, por isso a utilização de vários sinônimos e definições.
b) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer sobre um fato que não diz respeito ao escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa.
c) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o emprego dos termos “sabe-se lá” e “tome-se hipotrélico”.
d) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, necessária para textos em prosa, por isso o emprego de “hipotrélico”.
e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso do advérbio de dúvida “talvez”.
b) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer sobre um fato que não diz respeito ao escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa.
c) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o emprego dos termos “sabe-se lá” e “tome-se hipotrélico”.
d) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, necessária para textos em prosa, por isso o emprego de “hipotrélico”.
e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso do advérbio de dúvida “talvez”.
De acordo com a leitura do trecho
de Guimarães Rosa, o autor nos oferece a explicação de um termo novo da língua
portuguesa "hipotrélico".
Assim, há presença da função
metalinguística, onde ele utiliza de um código para falar do próprio código.
Alternativa correta: a)
metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial usar a língua
portuguesa para explicar a própria língua, por isso a utilização de vários
sinônimos e definições.
13. (Enem-2013) Lusofonia
rapariga: s.f., fem. de rapaz:
mulher nova; moça; menina; (Brasil), meretriz.
Escrevo um poema sobre a rapariga
que está sentada
no café, em frente da chávena de café, enquanto
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este
poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
rapariga não quer dizer o que ela diz em Portugal. Então,
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
fique estragada para sempre quando este poema atravessar o
atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
de escrever sobre a moça do café, para
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
uma palavra que já me está a pôr com dores
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria
era escrever um poema sobre a rapariga do
café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma
rapariga se pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão.
no café, em frente da chávena de café, enquanto
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este
poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
rapariga não quer dizer o que ela diz em Portugal. Então,
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
fique estragada para sempre quando este poema atravessar o
atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
de escrever sobre a moça do café, para
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
uma palavra que já me está a pôr com dores
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria
era escrever um poema sobre a rapariga do
café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma
rapariga se pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão.
JÚDICE, N. Matéria do Poema.
Lisboa: D. Quixote, 2008.
O texto traz em relevo as funções
metalinguística e poética. Seu caráter metalinguístico justifica-se pela
a) discussão da dificuldade de se
fazer arte inovadora no mundo contemporâneo.
b) defesa do movimento artístico da pós-modernidade, típico do século XX.
c) abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se volta para assuntos rotineiros.
d) tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra.
e) valorização do efeito de estranhamento causado no público, o que faz a obra ser reconhecida.
b) defesa do movimento artístico da pós-modernidade, típico do século XX.
c) abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se volta para assuntos rotineiros.
d) tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra.
e) valorização do efeito de estranhamento causado no público, o que faz a obra ser reconhecida.
A metalinguagem é caracterizada
pela linguagem que refere-se à ela mesma. No caso do poema acima, o escritor
foca na produção do poema e, portanto, utiliza da função metalinguística. Assim, a alternativa correta é a
letra d) tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da
própria obra.
___________________________________
14. Leia os textos que se seguem e classifique as funções de linguagem.
1) E nunca mais chega o dia 18 de setembro… Estou em pulgas! É a primeira vez que vou entrar na cidade do Rock!!
2) "Há menos de um mês para a realização de mais um Rock in Rio, a organização do super-festival carioca divulgou uma lista de itens considerados proibidos - e que serão bloqueados na revista realizada por seguranças em cada pessoa que quiser entrar na Cidade do Rock." (26 de Agosto de 2015, in Estadão)
3) Rock in Rio 2013. Eu vou.
Resposta
1) Função Emotiva ou Expressiva
2) Função Referencial ou Denotativa
3) Função Conativa ou Apelativa
Temas da AV1 de Semiótica
Olá pessoal!
São 13 temas para os sete grupos pois alguns excedem 4 integrantes.
Podem pesquisar e me pedirem orientação se caso precisarem. Podem ir à Biblioteca e ao blogue.
Vou postar mais conteúdo pra vocês.
Abs! Bom trabalho a todos!
prof. João Rafael
Temas --------------------------------------------------------------------
01. SIGNOS: SIGNIFICANTES, SIGNIFICADOS, INTERPRETANTES
02. LINGUAGEM E RETÓRICA VISUAL: Figuras de pensamento
03. LINGUAGEM E RETÓRICA VISUAL: Figuras de sintaxe ou construção
04. LINGUAGEM E RETÓRICA VISUAL: Figuras de palavras
05. LINGUAGEM E RETÓRICA VISUAL: Figuras sonoras
06. TEXTO SINCRÉTICO: INTERAÇÃO E COMPLEMENTARIDADES ENTRE IMAGENS E PALAVRAS
07. MENSAGENS SUBLIMINARES E AS RELAÇÕES SEMIOLÓGICAS: CONOTATIVA X DENOTATIVA
08. RELAÇÕES SEMIOLÓGICAS: PARADIGMÁTICAS X SINTAGMÁTICAS
09. PROCESSOS COGNITIVOS (DA PERCEPÇÃO)
10. PROCESSOS DA SEMIOSE
11. SUB-DIVISÕES DOS SIGNOS:ÍCONE, ÍNDICE E SÍMBOLO
12. SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA DO DISCURSO
13. ENUNCIADO E ENUNCIAÇÃO: TEXTO E CONTEXTO
--------------------------------------------------------------------------------
Artigo
Semiótica e semiologia: os conceitos e as tradições
Por Winfried Nöth em 10/03/2006
http://www.comciencia.br/comciencia/index.php?section=8&edicao=11&id=82
O estudo dos signos começa com as origens dos homens, pois entender e interpretar o mundo e os homens significa estudar signos. Porém, o advento da ciência geral dos signos é de tempos mais recentes. A Antigüidade grega tinha uma filosofia do signo, que era uma teoria do conhecimento humano. A Idade Média desenvolveu a sua própria “doutrina dos signos”, que culminava numa tipologia elaboradíssima dos signos. Na Renascença foram publicadas mais obras significativas sobre os signos, sob designações tais como scientia de signis ou tractatus de signis.
Origens dos conceitos na história da mediciana
Nomes específicos para designar essa ciência geral dos signos surgiram relativamente tarde. Entre eles, os termos semiótica e semiologia se firmaram como as designações mais conhecidas para a ciência do signo, às vezes como sinônimos, às vezes como rivais terminológicos. Alternativas terminológicas, tal como semasiologia, sematologia ou semologia caíram em desuso. Também caiu em desuso um antigo sentido do conceito de semiótica ligado à sinalização militar, embora, no Novo Dicionário Aurélio (edição de 1975), encontra-se ainda a seguinte definição de semiótica: “arte de comandar manobras militares por meio de sinais, e não de voz”.
Tanto o termo semiótica quanto o termo semiologia têm as raízes de suas constituintes iniciais e principiais nas palavras gregas semeîon, ‘signo’, e sema, ‘sinal’, ‘signo’. Tal como a gramática e a aritmética ou a biologia e a filologia, que são campos de estudos de diversas áreas de conhecimento humano, a semiótica e a semiologia, nas suas origens, são os campos de estudo dos signos e dos sinais.
Na sua forma neo-grega, semeiotiké, o conceito aparece, pela primeira vez, no contexto da medicina. Desde a Antiguidade, o diagnóstico médico é descrito como a “parte semiótica” da medicina. O médico grego Galeno de Pérgamo (139-199), por exemplo, classificou o diagnóstico médico como um processo de semêiosis. Aquilo que os antigos designaram como semeiótica, portanto, ainda não era a teoria geral dos signos, mas uma de suas áreas específicas, a saber, o aprendizado médico dos sintomas. Na medicina dos séculos XVII e XVIII, a forma grega semeiotica se encontrava ao lado da forma latina semiótica (desde 1490). Desde o início do século XVII, surgiram as primeiras variações do conceito de semiologia, que correspondem à mais importante alternativa terminológica para o conceito semiótica. Em um tratado latino, de 1617, C. Timpler define o ensino dos signos fisionômicos do corpo humano como semiologicaou, também, semeiologica.
As tradições filosóficas
O primeiro a aplicar a terminologia da medicina diagnóstica dentro do campo da semiótica geral, foi J. Schultetus. Em sua Semeiologia metaphysike de 1659, o autor postulou uma teoria geral dos signos para designar o ensino dos signos, que, na filosofia da Idade Média, era estudado como doctrina ou scientia de signis.
Em paralelo, no mesmo século, surgiu o termo semióticapara designar a teoria geral dos signos. A partir dessa tradição, ampliaram-se, nos séculos XVII e XVIII, os domínios da semiótica para uma ciência geral do conhecimento da natureza humana, denominada como semiótica moralis. Uma síntese dessa tradição da semiótica pode ser encontrada na obra de Christian Wolff (1679–1754).
Em 1690, John Locke, em seu Essay concerning human understanding, definiu a semiótica, sob o nome de semeiotiké, como um dos três grandes ramos dos estudos do conhecimento humano ao lado da física e da ética. Semiótica, para Locke, era um sinônimo da lógica; a semiótica deveria tratar principalmente das palavras, por serem os signos mais relevantes.
Também na Metaphysica (1739) de Alexander G. Baumgarten encontram-se os conceitos de semiotica e semiologia philosophica. O filósofo e fundador da estética moderna entende esses conceitos como o campo de estudo dos sistemas de signos da língua, da escrita, dos hieróglifos, da heráldica e da numismática, entre outros. Em 1764, Johann Heinrich Lambert publicou a sua obra Semiótica ou a doutrina da designação das idéias e das coisas, como o segundo volume de seu Novo organon.
A tradição que assim se funda para estabelecer uma ciência semiótica, reconhecida como ciência filosófica, tem sua continuidade no século IX na obra de Bernard Bolzano. Em sua Teoria da ciência (§§ 637) de 1837, o autor desenvolve mais uma teoria original do signo, sob o título Semiótica. No final desse século, em 1890, o filósofo e fenomenólogo Edmund Husserl, publicou uma das suas obras principais sob o título Sobre a lógica dos signos (semiótica).
Charles Sanders Peirce (1839-1914), que dedicou a sua vida inteira aos estudos semióticos, nunca usou o conceito de semiologia e não se refere à semiótica com o termo moderno inglês de semiotics. Com respeito à tradição da semeiotiké de John Locke, Peirce prefere os termos no singular, semiotic, semeiotic ou até semeotic. No plural, de vez em quando, Peirce usa o conceito de semeiotics, mas jamais a forma latinizada de semiotics. O semioticista americano Charles Morris (1901-1979) preferia a designação teoria dos signos, mas na sua obra encontra-se também a forma singular, semiotic.
Da semiologia saussureana à semiótica internacional
No século XX, o conceito de semiologia se impôs novamente a partir da obra fundamental de Ferdinand de Saussure (1857-1913), o Curso de lingüística geral, de 1916. Sem referência às tradições semióticas anteriores, o fundador do estruturalismo lingüístico definiu a semiologia como uma nova e futura ciência geral da comunicação humana, que estudaria a “vida dos signos como parte da vida social”. A base dessa nova semiologia seria a lingüística estrutural, o seu programa seria a extensão do campo da lingüística da linguagem verbal para a comunicação não-verbal, cultural e textual. Neste espírito estruturalista e trans-lingüístico, a semiologia começou a se estabelecer a partir dos anos 40 e 50 (Buyssens, Hjelmslev) e com uma fama crescente nos anos 1960 na França (Prieto, Barthes, Mounin, Greimas), no resto da Europa e na América Latina.
No início, o modelo lingüístico saussureano exigia que a semiologia fosse um campo de pesquisa restrito aos códigos de signos arbitrários e intencionais, por exemplo, o código dos sinais de trânsito, dos marinheiros ou dos jogos de carta. Em extensão desta semiologia, também chamada de semiologia da comunicação, surgiu um ramo complementar chamado de semiologia da significaçãopara o estudo de signos e sinais não-intencionais na natureza e na cultura.
Paralelamente ao desenvolvimento da semiologia saussureana, em outros países a semiótica continuava o seu desenvolvimento de maneiras independentes sob outras influências, tal como a semiótica de Peirce (Alemanha e Brasil), de Charles Morris (EUA) ou da informática e da cibernética (Moscou e Tartu). Nessas tradições, o nome do campo de pesquisa dos processos sígnicos não era semiologia, mas semiótica de maneira que surgiram dúvidas entre os semioticistas do mundo sobre a questão se a semiótica e a semiologia eram dois campos de pesquisa diferentes ou um e o mesmo com duas designações diferentes, dependente da tradição de pesquisa.
Por sugestão de Roman Jakobson e com o apoio de Roland Barthes, Emile Benveniste, A. J. Greimas, Claude Lévi-Strauss e Thomas A. Sebeok, o comitê fundador da Associação Internacional de Estudos Semióticos, em 1969, decidiu que, a partir de então, o conceito semióticaseria empregado como conceito geral para definir esse campo, anteriormente designado como semiologia ou semiótica. Essa decisão tem sido seguida internacionalmente com o resultado de que o termo semiótica é hoje o nome internacionalmente mais comum para designar o campo de pesquisa dos signos, sistemas e processos sígnicos.
Resíduos de distinções
Como assuntos de terminologia, são raramente resolvidos por completo, em conferências internacionais, não é de se estranhar que sobraram uns resíduos de opiniões sobre diferenças entre os conceitos de semiótica e de semiologia, às vezes bem fundadas em sistemas complexos de teorias semióticas, às vezes também em concepções históricas hoje ultrapassadas. Um breve resumo de várias opiniões sobre o assunto é o seguinte:
(1) Quem fala de semiótica se enquadra na tradição da teoria geral dos signos, especialmente de Charles Sanders Peirce, ao passo que os que preferem o conceito de semiologia se vêem na tradição semio-lingüística de Ferdinand de Saussure.
(2) Enquanto a semiótica é a ciência geral dos signos, que inclui o estudo dos signos da natureza não humana, a semiologia é uma ciência humana que vai além da lingüística, estudando fenômenos trans-lingüísticos (textuais) e códigos culturais.
(3) Em Hjelmslev, encontra-se a concepção de que a semiologia é uma metassemiótica que contém uma teoria dos mais diferentes sistemas de signos. Estes, por sua vez, são definidos como “semióticas”.
(4) Semiótica e semiologia são sinônimos. Uma certa preferência do termo semiologia nada mais indica senão a proveniência do autor de um país de fala românica. Um argumento de purismo lingüístico, que se ouviu na França nos anos de 1970, era que o conceito de semiologia é uma melhor tradução do termo inglês semiotics para as línguas romanas e, por isso, é preferível ao termo semiótica, por um motivo puramente estilístico.
Semiótica e semiologia no século XXI
No início do século XXI, todas as distinções entre semiótica e semiologia esboçadas acima parecem coisas do passado. A semiótica internacional se desenvolveu sem as restrições propostas por aqueles que acharam uma divisão entre semiótica e semiologia necessárias. No Brasil, por exemplo, há programas de estudos semióticos, mas não de estudos semiológicos. Porém, o progresso da pesquisa feito sob o nome de semiótica não invalida aqueles feitos em décadas anteriores sob o nome de semiologia.
Winfried Nöth é professor de linguística e semiótica e diretor do Centro Interdisciplinar de Estudos Culturais da Universidade de Kassel, professor visitante na PUC de São Paulo, membro honorário da Associação Internacional de Semiótica Visual. Autor dos livros em português: Panorama da semiótica de Platão a Peirce (1995), A semiótica no século XX (1996), Semiótica: Bibliografia comentada (1999, com Lucia Santaella), Imagem: Cognição, semiótica, mídia (4ª ed. 2005, com Lucia Santaella), Semiótica e comunicação (2004, com L. Santaella) e Manual da Semiótica (no prelo, EDUSP) .
NOTÍCIAS
(LINK) Noam Chomsky compara projeto econômico de Bolsonaro ao da ditadura chilena
O linguista e ativista norte-americano alerta para os estragos do pensamento neoliberal e capitalista à humanidade.
O linguista francês, Émile Benveniste (1902 – 1976) dizia que a linguagem é um sistema de signos socializado, ou seja, seus elementos só adquirem significado quando inseridos em contextos de inter-relação, pois cada signo por si só não possui significado relevante.
Figuras de linguagem em propagandas de Cláudia Heloísa
Comunicação Não Verbal:
Cinésica, Proxêmica e Paralinguagem
A comunicação não verbal utiliza algumas espécies de suportes tais como o corpo, a dispersão dos indivíduos no espaço e uma série de outros sinais que nos envolvem no dia a dia e que nos transmitem mensagens ás quais, por vezes, não damos a verdadeira atenção e que podem, por isso, interferir na nossa relação com o outro, nomeadamente em situações de formação. Todo o comportamento numa situação de interação tem valor de mensagem, ou seja é impossível não comunicar.
Este tipo de comunicação transmite muitas vezes as intenções que as palavras não chegam a expressar. Assim, um sorriso ou um silêncio em determinadas situações podem comunicar mais facilmente o que sentimos, do quem simples palavras.
A comunicação não verbal data dos primórdios da organização social, embora tenha sido subestimada e posta um pouco de parte. O interesse por esta, apenas surgiu em meados do século XX, e foi a partir daí que se iniciaram os estudos científicos.
Este tipo de comunicação cria a coerência de um grupo de indivíduos pertencentes a uma mesma espécie, e também uma boa qualidade de equilíbrios biológicos interespecíficos. Devido a uma ritualização certas atitudes compreendemos como as estruturas anatómicas, ou comportamentos adaptados ao meio físico passa a servir de comunicação.
A definição de comunicação não verbal não tem sido tarefa fácil, devendo este facto estar associado a uma vasta gama de fenómenos, desde a expressão facial e os gestos até à moda; desde a dança e o teatro até à música e a mímica, desde o fluxo de sentimentos e emoções até ao fluxo de tráfego, e desde a territorialidade dos animais até ao protocolo dos diplomatas. Podemos no entanto entender a comunicação não verbal como toda a comunicação que acontece para lá das palavras, que apresenta pouco controlo consciente por parte dos emissores e que varia com o padrão cultural em que nos inserimos.
A comunicação não verbal desempenha várias funções que ajudam o ser humano a comunicar. Desta forma podemos encará-la como o principal meio de expressão e comunicação dos aspetos emocionais., como meio primário e privilegiado para assinalar mudanças de atitude nas relações interpessoais. Podemos vê-la também na apresentação do Eu e do seu corpo, pois, dá uma imagem de si mesmo ao mundo que o envolve, e principalmente como um apoio e complemento à comunicação verbal. Se nos lembrarmos que toda a comunicação tem um conteúdo e uma relação, podemos esperar que os dois modos de comunicação não só existem lado a lado mas que se complementam em todas as mensagens.
Cinésica (body language)
A cinésica integra o campo dos movimentos corporais. Nenhum movimento ou expressão corporal é destituída de significado no contexto em que se apresenta e por conseguinte estão sujeitos a uma análise sistemática.
Esta estende-se por cinco áreas de estudo que são:
- o contacto visual
- os gestos
- as expressões faciais
- a postura e
- os movimentos da cabeça.
Assim como exemplos cinésicos temos uma série de expressões e movimentos que nos transmitem informações sobre os indivíduos, que podem ir desde um sorriso, à maneira como uma pessoa nos aperta a mão.
Contacto visual
A frequência, a duração e a ocasião de um olhar são fatores que permitem enviar mensagens sobre o relacionamento entre duas ou mais pessoas. Ao estabelecermos contacto visual com o outro, ele irá de alguma forma sentir-se implicado pessoalmente, ao mesmo tempo que podemos eliminar uma conversa, eliminado o contacto visual. Manter o contacto visual, não significa fixar visualmente o outro de uma forma continua, uma vez que isso poderá tornar-se incomodativo. Para isso existem umas normas que devemos ter em conta relativamente aos contactos visuais. Ao estabelecermos contacto visual a dois, o contacto pode ir de 5 a 15 segundos sensivelmente, enquanto que em grupo o referido contacto deverá ser mantido por 3 a 4 segundos por pessoa, percorrendo todo o grupo. Um olhar transmite uma série de comportamentos, desde demonstrar um comportamento passivo através de um olhar fugido e evasivo, ou um olhar direto e terno que pode indicar benevolência, entre outros.
Gestos
Um dos aspetos mais importantes do comportamento não verbal é o da gestualidade. O comportamento motor de um indivíduo possuiu uma grande expressividade. Podemos caracterizar os gestos em cinco categorias, que são : gestos simbólicos ou emblemas, gestos ilustrativos, gestos indicadores de estado emocional, gestos reguladores e por fim os gestos de adaptação. Como gestos de simbólicos, podemos entender todos os sinais que são emitidos intencionalmente, e que possuem um significado específico capaz de ser traduzido diretamente por palavras. Ao apontarmos para alguma coisa. É um exemplo ilustrativo. A todos os movimentos que a maioria dos indivíduos utiliza no decurso da comunicação verbal, e que ilustram o que se vai dizendo, damos o nome de gestos ilustrativos. Aos gestos indicadores de aspetos emocionais, são atribuídos todos aqueles que transmitem ansiedade e tensão, e que podem produzir modificações que conseguem ser reconhecidas nos movimentos dos indivíduos. Como por exemplo um punho fechado em sinal de ira. Quando se conversa, existem gestos que servem para manter o fluxo da conversação, indicando a quem fala se o interlocutor está interessado ou não, se deseja falar, ou interromper a comunicação. A este tipo de gestos damos o nome de gestos reguladores. Ao toque de um celular, sem darmos por nada, estamos logo a colocar a mão no bolso, para ver se por acaso é o nosso que está a tocar. Estes gestos, como muitos outros no nosso quotidiano, são gestos não intencionais, pois já os usamos sistematicamente porque já aprendemos a sua utilidade e constituem parte do repertório de um indivíduo. A estes gestos, associamos os movimentos do corpo durante uma interação e damos o nome de gestos de adaptação.
Expressões Faciais
O canal privilegiado de expressar as emoções é o rosto. Todos nós temos uma série de máscaras faciais que utilizamos consoante aquilo que queremos transmitir.
As expressões faciais desempenham diversas funções, tais como, expressão das emoções e das atitudes interpessoais, o envio de sinais inerentes à interação em curso e a manifestação de aspetos típicos da personalidade de um indivíduo.
Postura
Um dos aspetos importantes da comunicação não verbal é a postura. Esta designa os modos de nos movimentarmos, sendo algo que se vai adquirindo com o tempo e com os hábitos. Este sinal, é em grande parte involuntário, mas pode participar de forma importante no processo de comunicação. Em todas as culturas existem muitas formas de estar deitados, sentados ou de pé. Existem posturas variadas que correspondem a situações de amizade ou de hostilidade, bem como posturas que indicam um estado ou condição social, entre outros.
Movimentos da Cabeça
Importantes indicadores sobre o andamento de uma interação, são os movimentos de cabeça. Os acenos de cabeça são sinais não verbais muito rápidos, se bem que aparentemente descortináveis. Um aceno de cabeça de quem ouve é entendido por quem fala como um sinal de atenção e, por isso, desempenha neste um pape de reforço, pois encoraja a sua continuação, bem como é uma recompensa para o comportamento precedente.
Proxêmica
O termo proxêmica define o conjunto de observações e das teorias referentes ao uso do espaço na comunicação pelo homem. A maneira como um indivíduo estrutura o seu micro-espaço é de forma inconsciente, sendo esta uma questão sempre relacionada com a situação, o ambiente e a cultura.
Existem 3 níveis proxêmicos que são eles:
- 1. O Infracultural, que se refere ao comportamento e está enraizado no passado biológico do ser humano.
- 2. O Pré-cultural, que é fisiológico e pertence essencialmente ao presente.
- 3. O microcultural, é onde se situa a maior parte das observações proxêmicas.
Podemos distinguir aí outros 3 aspetos do espaço, conforme este apresente uma organização rígida, semi-rígida e informal:
- a) Espaço de organização rígida.
Compreende aspetos materiais, ao mesmo tempo que as estruturas ocultas e interiorizadas que regem as deslocações do homem no planeta, consistindo assim em disposições estruturais inalteráveis em torno de nós.
- b) Espaço de organização semi-rígida.
É o modo como são dispostos os obstáculos móveis, assim, a maneira como colocamos os nossos objetos, os lugares onde os dispomos, dependem de modelos microculturais que não só representativos de amplos grupos culturais, mas também dessas variações que cada indivíduo introduz na sua cultura e que o torna único.
- c) Espaço de organização informal.
É o território pessoal em trono de um indivíduo, este espaço determina a distância entre indivíduos ou seja, compreende as distâncias que observamos nos nossos contactos com o outro.
Neste espaço existem 4 distâncias desiguais:
- Distância Intima (15 a 50 cm) - Esta distância é reservada a um número limite de pessoas, permite contactos diretos corpo a corpo, bem como percepcionar uma série de características da outra pessoa, tais como temperatura corporal, odores, respiração... Uma situação radical será a de um transporte público, onde as pessoas são colocadas em relação de proximidade, normalmente, consideradas intimas com estranhos. Mas os utentes dispõem de armas defensivas permanecendo imóveis tanto quanto possível, ficando os músculos das zonas de contacto contraídos.
- Distância Pessoal (40 cm a 1,2 metros) – é a distância de relacionamento entre amigos mais íntimos e casais, pois permite conversar à vontade. Podemos imaginar esta distância sob a forma de uma pequena esfera protetora. Refere-se mais ou menos à distância do comprimento do braço.
- Distância Social (70 cm a 4 metros) – esta distância é considerada como o limite do poder sobre outro. Os pormenores do rosto já não são perceptíveis e ninguém se toca. Esta é a distância recomendada e que é útil para se manter contactos pessoais.
- Distância Pública (4 a 9 metros) – Serve quando não nos queremos envolver pessoalmente, situa-se então fora do círculo imediato de referência do indivíduo. Impõem-se geralmente às personalidades oficiais.
O homem, tal como os animais, serve-se dos seus sentidos para diferenciar as distâncias e os espaços. A distância escolhida depende das relações interindividuais, dos sentimentos e atividades dos indivíduos envolvidos na situação. Daí a necessidade que existe em estarmos atentos a estas situações no contexto da formação, dado que a forma como utilizamos o nosso espaço e o dos outros transmite diferentes significados e o modo de relação que pretendemos estabelecer.
Paralinguagem
A paralinguagem é um conceito que se aplica às modalidades da voz (modificações de altura, intensidade, ritmo,...) que fornecem informações sobre o estado afetivo do locutor, e ainda outras emissões vocais tais como o bocejo, o riso, o grito, a tosse....
A qualidade da voz e as vocalizações que emitimos durante a fala dividem-se em 4 índices paralinguísticos:
- Qualidade de voz, que inclui a altura do tom de voz, a qualidade da articulação e o ritmo.
- Caracterizadores vocais, que são sons bem reconhecíveis tais como o riso, o suspiro, o choro, o bocejo, o grito...
- Qualificadores vocais, que incluem a maneira como as palavras são proferidas, tais como a intensidade, o timbre e a extensão.
- Secreções vocais, incluem os sons que contribuem para o fluxo da fala e que não sendo considerados palavras comunicam alguma coisa: “hum”, ou “ahn”, ou “hem”, pausa e outras interrupções de ritmo.
Excelente material! Sempre me ajudar a relembrar algo que me havia esquecido. Obrigado Professor.
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